Bem, este é o último post sobre os 50 fatos do futebol na visão das diferentes faixas etárias e sexos do ser humano, e nada mais justo que terminarmos com os clichês da molecada
Motivar? Treinar? Escalar os melhores jogadores? Qual é o papel do treinador de futebol nos dias de hoje ? Alguns dizem que quem joga são os jogadores e que o melhor treinador é o que não os atrapalha, outros dizem queo bom treinador é aquele que motiva a equipe como se fosse um pastor da igreja universal, para outros, o melhor é o que tem mais títulos e o que escala os melhores jogadores. Mas qual é realmente o melhor?
Lá pra 2004, quando eu tinha meus 12 anos, eu respirava
futebol, meu tempo livre era jogando bola ou assistindo jogos na TV, e quando
eu tava na escola, bom, eu não via a hora de chegar o intervalo pra jogar bola
logo, e isso com o passar do tempo foi se desenvolvendo, até sonhei um dia em
ser jogador, mas minha asma e minha baixa auto-estima contribuíram pro fim
desse sonho.
Aí eu comecei a passar mais tempo vendo jogos na TV, e me
apaixonei por uma liga em especial, A Premier League.
Aquilo tudo pra mim era novidade, Incrível, tudo ali parecia
mágico
Os estádios carregados de mística, os gramados perfeitos, os
belos uniformes dos clubes, a qualidade dos jogadores, a velocidade do futebol
jogado, infinitamente mais rápido e corrido do que o que eu estava acostumado a
ver nos Brasileirões da vida.
Isso me fez querer conhecer essa liga bem mais a fundo,
passava um bom tempo na Internet pesquisando história dos times, dos jogadores,
dos técnicos, me familiarizei com a
imprensa esportiva local, o programa do Milton Neves não me interessava mais,
muito menos o Globo esporte, eu preferia abrir a página da BBC ou do The
Guardian e ler sobre aquele campeonato de outro país, ou melhor, de outro
planeta, que é a EPL.
Esperava ansiosamente pelas sextas e sábados, não por causa
de balada como hoje em dia, mas sim pra na sexta ver a “prévia da premier
league” que passava e não sei se ainda passa na ESPN, e os sábados para ver os
jogos.
É meio difícil de explicar, eu simplesmente entrei naquela
atmosfera, eu queria por que queria ver
todos os jogos possíveis, se me chamassem pra sair durante um Aston
Villa e Bolton pelas quartas de final da na época Carling Cup, eu recusava o
convite ou ia só depois do jogo, porque aquilo simplesmente me prendia.
99% dos jogos eram bom e iam te prender no sofá até o final,
se faltava qualidade técnica, tinha história
em jogo, algum jogador conhecido em campo, ou então como a gente chama
aqui no Brasil, muita “raça” e “garra” dos times, por mais pequenos e menos técnicos
que fossem, entre 2004 e 2011 vi muito time que ninguém dava nada surpreender
os grandões, vi muito jogo ser virado nos minutos finais, muito 0-0 que tenha
até valido a pena assistir, enfim, essa liga carrega tudo isso, e se tem uma coisa
que desejo a todos que realmente GOSTAM de futebol, é que acompanhe a Premier
League, pelo menos por uma temporada completa.
Ainda deve ser assim, mas não posso afirmar, por já fazer um
ano que não acompanho a EPL freneticamente como acompanhava antes, esse ar de
saudosismo toma conta dos meus textos sobre futebol.
Apesar de ter me tornado fã de quase todos os times, ter
comprado camisas e acessórios do Chelsea, do Manchester, do Newcastle e por
pouco não ter comprado uma camisa do Sunderland, os times que mais chamaram minha atenção nessa
quase uma década que acompanhei de Premier League, foram os “Coadjuvantes”,
aqueles times que pra quem não acompanha, são pequenos, mas pra quem sabe a
história e sabe o que aquele time realmente representa, são gigantes.
Entre 2004 e 2006 um time que gostava de acompanhar foi o
Bolton do Sam Allardyce, por mais que fosse limitado que fosse e não brigasse por topo da
tabela ou por títulos, conseguiu feitos maravilhosos guardadas devidas proporções. Por muito tempo a meta do Bolton na EPL era “não
cair” mas, acabou que isso foi evoluindo, e até chegar na UEFA Cup(Atual Liga
Europa) os comandados de Big Sam chegaram, mas o que me fez gostar mesmo
daquele time, era a entrega dos jogadores, por mais limitados tecnicamente que
fossem, eles se doavam completamente para o time, para seu treinador, corriam
atrás de cada bola como se fosse a última, apesar de por algumas temporadas
contar com o Habilidoso Jay Jay Okocha, o Bolton sempre teve fama de ser um
time quadrado, durão, trombador e que joga na base da bola longa para o
centroavante grandão lá na frente segurar e esperar alguém chegar de trás
batendo, dos cruzamentos partindo da intermediária mirando a cabeça do camisa 9
de quase 2 metros de altura, realmente
era meio assim, mas eu consigo ver beleza nesse estilo de jogo, por mais que
muitos critiquem e achem que a beleza do futebol é só ataque, molecagem,
dribles, toque de bola, eu consigo sim ver algo de valor nesse e em outros
estilos de jogo contestados.
Apesar do futebol Europeu em geral ter uma cultura bem menos
individualista que o Brasileiro, tinham sim alguns jogadores de destaque
naquele time; Jay Jay Okocha, Kevin Nolan que hoje joga no West Ham e o
falecido Gary Speed eram os principais jogadores do Bolton e faziam a
diferença, mas o conjunto acabava sendo mais importante que qualquer
individualidade.
Everton 2008-2010
David Moyes é genial, o cara tem 11 anos no comando do
Everton e mesmo com o abismo financeiro dos blues de Liverpool se comparado ao
Chelsea, United, Arsenal e City, consegue montar grupos competitivos, com
grandes jogadores, mas que assim como no caso do Bolton, o que mandava era o
conjunto. Eu gostava de ver o Everton jogar por ser um time muito determinado e
sem enrolações, não precisava de 45 toques para chegar na área adversária, 3 ou
4 já bastavam, jogadas rápidas, objetivas, sistema defensivo bem preparado, foi
um time que sempre deu trabalho aos grandes,
nunca foi fácil jogar contra os Tofees em goodison park, eu gostava de
ver o jeito que aquele time se portava taticamente, em 2010 era sempre lindo de
ver aquela entrada de Pienaar pela diagonal, e Leighton Baines disparando livre
pelo corredor esquerdo, com espaço pra
fazer o que quisesse, e assim o camisa 3 terminou o Campeonato com várias
Assistencias e arrancou Elogios de treinadores e jogadores rivais.
Aston Villa 2008-2010
Sempre batendo de frente com o big four da época , duas vezes quase deixa o Arsenal pra trás na
quarta vaga para a Champions, mas por falta de opções no elenco e problemas com
lesões, acabava tirando o pé na reta final das temporadas, assim foi o Aston
Villa de Martin O’neill
Forte no contra ataque, com meio campo recheado de jogadores
desejados pelos clubes ‘top’ da Inglaterra (James Milner, Gareth Barry, Ashley
Young) e com Gabriel Agbonlahor quebrando tudo lá na frente, algumas vezes atuando como Winger e outras
como um atacante mais centralizado. Todos os quatro do big four daquela época
sofreram pelo menos uma derrota para o Villa, O Arsenal inclusive levou de 2-0
dentro de casa em 2008.
Era um time muito rápido, bom de se ver jogar, e que
incomodava, fazia peso na tabela, só que essa fase boa acabou com a saída de
Martin O’neill em 2010.
A Premier League me ensinou algumas lições, e as principais
foram:
- O Entretenimento do Futebol, é mais importante do que
títulos e resultados.
Claro que os resultados também importam e que os títulos
geram alegria coletiva da torcida, mas acompanhando times que brigavam por
posições modestas, acabei aprendendo que independente de brigar por um título,
é importante acompanhar seu time, torcer por ele e festejar em qualquer
momento, qualquer vitória, e não só em uma vitória especial, como no caso de
uma final ou semi final. Os Estádios da EPL estão sempre cheios, pode ser o
último contra o penúltimo colocado, que vai ter um bom público e os torcedores
vão apoiar, comemorar o gol de seu time, enfim, viver o momento e não passar o
jogo preocupado com a tabela, é feio de se ver por exemplo a torcida do São
Paulo, que só comparece e anda junto com o time quando o time está brigando por
algum título, claro existem torcedores que vão ao Morumbi todos os jogos
possíveis, mas a maioria só comparece quando tem título em jogo.
- A Beleza do Jogo
mora nos pequenos detalhes
- Não precisa de craques para se ter um bom time
Basta ter jogadores que são bons no que fazem, que consigam formar
uma boa equipe juntos, e claro um bom treinador para botar ordem nessa equipe,
se não acaba sendo apenas um amontoado de individuais sem nenhum objetivo.