4 de jan. de 2013

Memórias da EPL #1


                                        Quem não lembra dessa abertura?

Lá pra 2004, quando eu tinha meus 12 anos, eu respirava futebol, meu tempo livre era jogando bola ou assistindo jogos na TV, e quando eu tava na escola, bom, eu não via a hora de chegar o intervalo pra jogar bola logo, e isso com o passar do tempo foi se desenvolvendo, até sonhei um dia em ser jogador, mas minha asma e minha baixa auto-estima contribuíram pro fim desse sonho.
Aí eu comecei a passar mais tempo vendo jogos na TV, e me apaixonei por uma liga em especial, A Premier League.

Aquilo tudo pra mim era novidade, Incrível, tudo ali parecia mágico
Os estádios carregados de mística, os gramados perfeitos, os belos uniformes dos clubes, a qualidade dos jogadores, a velocidade do futebol jogado, infinitamente mais rápido e corrido do que o que eu estava acostumado a ver nos Brasileirões da vida.

Isso me fez querer conhecer essa liga bem mais a fundo, passava um bom tempo na Internet pesquisando história dos times, dos jogadores, dos técnicos, me  familiarizei com a imprensa esportiva local, o programa do Milton Neves não me interessava mais, muito menos o Globo esporte, eu preferia abrir a página da BBC ou do The Guardian e ler sobre aquele campeonato de outro país, ou melhor, de outro planeta, que é a EPL.

Esperava ansiosamente pelas sextas e sábados, não por causa de balada como hoje em dia, mas sim pra na sexta ver a “prévia da premier league” que passava e não sei se ainda passa na ESPN, e os sábados para ver os jogos.

É meio difícil de explicar, eu simplesmente entrei naquela atmosfera, eu queria por que queria ver  todos os jogos possíveis, se me chamassem pra sair durante um Aston Villa e Bolton pelas quartas de final da na época Carling Cup, eu recusava o convite ou ia só depois do jogo, porque aquilo simplesmente me prendia.
99% dos jogos eram bom e iam te prender no sofá até o final, se faltava qualidade técnica, tinha história  em jogo, algum jogador conhecido em campo, ou então como a gente chama aqui no Brasil, muita “raça” e “garra” dos times, por mais pequenos e menos técnicos que fossem, entre 2004 e 2011 vi muito time que ninguém dava nada surpreender os grandões, vi muito jogo ser virado nos minutos finais, muito 0-0 que tenha até valido a pena assistir, enfim, essa liga carrega tudo isso, e se tem uma coisa que desejo a todos que realmente GOSTAM de futebol, é que acompanhe a Premier League, pelo menos por uma temporada completa.

Ainda deve ser assim, mas não posso afirmar, por já fazer um ano que não acompanho a EPL freneticamente como acompanhava antes, esse ar de saudosismo toma conta dos meus textos sobre futebol.
Apesar de ter me tornado fã de quase todos os times, ter comprado camisas e acessórios do Chelsea, do Manchester, do Newcastle e por pouco não ter comprado uma camisa do Sunderland, os  times que mais chamaram minha atenção nessa quase uma década que acompanhei de Premier League, foram os “Coadjuvantes”, aqueles times que pra quem não acompanha, são pequenos, mas pra quem sabe a história e sabe o que aquele time realmente representa, são gigantes.



Entre 2004 e 2006 um time que gostava de acompanhar foi o Bolton do Sam Allardyce, por mais que fosse limitado que fosse e não brigasse por topo da tabela ou por títulos, conseguiu feitos maravilhosos  guardadas devidas proporções.  Por muito tempo a meta do Bolton na EPL era “não cair” mas, acabou que isso foi evoluindo, e até chegar na UEFA Cup(Atual Liga Europa) os comandados de Big Sam chegaram, mas o que me fez gostar mesmo daquele time, era a entrega dos jogadores, por mais limitados tecnicamente que fossem, eles se doavam completamente para o time, para seu treinador, corriam atrás de cada bola como se fosse a última, apesar de por algumas temporadas contar com o Habilidoso Jay Jay Okocha, o Bolton sempre teve fama de ser um time quadrado, durão, trombador e que joga na base da bola longa para o centroavante grandão lá na frente segurar e esperar alguém chegar de trás batendo, dos cruzamentos partindo da intermediária mirando a cabeça do camisa 9 de quase 2 metros de altura,  realmente era meio assim, mas eu consigo ver beleza nesse estilo de jogo, por mais que muitos critiquem e achem que a beleza do futebol é só ataque, molecagem, dribles, toque de bola, eu consigo sim ver algo de valor nesse e em outros estilos de jogo contestados.

Apesar do futebol Europeu em geral ter uma cultura bem menos individualista que o Brasileiro, tinham sim alguns jogadores de destaque naquele time; Jay Jay Okocha, Kevin Nolan que hoje joga no West Ham e o falecido Gary Speed eram os principais jogadores do Bolton e faziam a diferença, mas o conjunto acabava sendo mais importante que qualquer individualidade.


Everton 2008-2010
David Moyes é genial, o cara tem 11 anos no comando do Everton e mesmo com o abismo financeiro dos blues de Liverpool se comparado ao Chelsea, United, Arsenal e City, consegue montar grupos competitivos, com grandes jogadores, mas que assim como no caso do Bolton, o que mandava era o conjunto. Eu gostava de ver o Everton jogar por ser um time muito determinado e sem enrolações, não precisava de 45 toques para chegar na área adversária, 3 ou 4 já bastavam, jogadas rápidas, objetivas, sistema defensivo bem preparado, foi um time que sempre deu trabalho aos grandes,  nunca foi fácil jogar contra os Tofees em goodison park, eu gostava de ver o jeito que aquele time se portava taticamente, em 2010 era sempre lindo de ver aquela entrada de Pienaar pela diagonal, e Leighton Baines disparando livre pelo corredor esquerdo,  com espaço pra fazer o que quisesse, e assim o camisa 3 terminou o Campeonato com várias Assistencias e arrancou Elogios de treinadores e jogadores rivais.


Aston Villa 2008-2010
Sempre batendo de frente com o big four da época ,  duas vezes quase deixa o Arsenal pra trás na quarta vaga para a Champions, mas por falta de opções no elenco e problemas com lesões, acabava tirando o pé na reta final das temporadas, assim foi o Aston Villa de Martin O’neill
Forte no contra ataque, com meio campo recheado de jogadores desejados pelos clubes ‘top’ da Inglaterra (James Milner, Gareth Barry, Ashley Young) e com Gabriel Agbonlahor quebrando tudo lá na frente,  algumas vezes atuando como Winger e outras como um atacante mais centralizado. Todos os quatro do big four daquela época sofreram pelo menos uma derrota para o Villa, O Arsenal inclusive levou de 2-0 dentro de casa em 2008.
Era um time muito rápido, bom de se ver jogar, e que incomodava, fazia peso na tabela, só que essa fase boa acabou com a saída de Martin O’neill em 2010.

A Premier League me ensinou algumas lições, e as principais foram:
- O Entretenimento do Futebol, é mais importante do que títulos e resultados.
Claro que os resultados também importam e que os títulos geram alegria coletiva da torcida, mas acompanhando times que brigavam por posições modestas, acabei aprendendo que independente de brigar por um título, é importante acompanhar seu time, torcer por ele e festejar em qualquer momento, qualquer vitória, e não só em uma vitória especial, como no caso de uma final ou semi final. Os Estádios da EPL estão sempre cheios, pode ser o último contra o penúltimo colocado, que vai ter um bom público e os torcedores vão apoiar, comemorar o gol de seu time, enfim, viver o momento e não passar o jogo preocupado com a tabela, é feio de se ver por exemplo a torcida do São Paulo, que só comparece e anda junto com o time quando o time está brigando por algum título, claro existem torcedores que vão ao Morumbi todos os jogos possíveis, mas a maioria só comparece quando tem título em jogo.

-  A Beleza do Jogo mora nos pequenos detalhes

- Não precisa de craques para se ter um bom time

Basta ter jogadores que são bons no que fazem, que consigam formar uma boa equipe juntos, e claro um bom treinador para botar ordem nessa equipe, se não acaba sendo apenas um amontoado de individuais sem nenhum objetivo.

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